Mais exercício, menos comida e o mesmo peso? Entenda o que pode ser
Guilherme Giorelli
17/02/2018 04h00
Crédito: iStock
Muitas pessoas começam um exercício físico pensando somente nas calorias. Quantas calorias preciso gastar na esteira, para poder tomar um chope hoje à noite? Ou ainda: "Já que eu comi besteira no Carnaval, quantas calorias consigo gastar em uma aula de Crossfit?".
O raciocínio parece matemático: basta aumentar o gasto de calorias e diminuir o consumo para haver uma perda de peso.
Porém, o organismo não é apenas matemática, é biologia. Temos muitos fatores que influenciam os gastos e os consumos de calorias.
As calorias que gastamos durante um dia vem de 3 lugares:
1) Metabolismo Basal –varia de 60 a 75%:
O metabolismo basal é a quantidade de calorias que o organismo gasta para se manter vivo: batimentos cardíacos, frequência respiratória. Ele é reflexo da nossa genética, e principalmente da quantidade de massa muscular que temos naquele momento.
2) Termogênese alimentar –7 a 15%:
É o gasto de energia que utilizamos ao digerir e absorver um alimento. As proteínas são famosas por provocarem um aumento deste gasto energético durante sua digestão.
3) Atividade Fisica –15 a 30%, podendo chegar em até 50% em atletas de endurance:
A atividade física é a energia gasta durante atividades do dia a dia como se levantar, se vestir e tomar banho. Quando essa atividade é programada e com objetivos progressivos, o gasto de energia aumenta e chamamos de exercício físico.
Para haver a perda de 1kg de peso, se estima ser necessário criar um déficit de 7.000 calorias. Ou seja, bastaria abrir a calculadora e avaliar o balanço energético:
Quantidade de calorias gastas, diminuída pelas consumidas.
Porém, você já acrescentou uma aula de running por dia, diminuiu sua alimentação e o peso ficou o mesmo? O que pode ser?
Um resposta que precisa ser considerada é que o balanço energético pode ter ficado o mesmo. Quer dizer: houve um aumento da quantidade de calorias gastas, mas o organismo diminuiu o seu metabolismo basal.
Como não deixar o metabolismo lento:
- Procure um profissional de educação física que monte uma periodização para os seus treinos. Por exemplo, associar treinos de Hiit com treinos aeróbicos de baixa intensidade e longa duração levam ao aumento do gasto de calorias e da oxidação de gorduras em repouso;
- Treinos de musculação são muito importantes: aumente a massa muscular, ela é uma das principais responsáveis pelo seu metabolismo basal;
- Não coma menos, se alimente melhor! Escolhendo alimentos ricos em proteína para manter sua massa muscular;
- Alimentos termogênicos como pimenta, cafeína e chá-verde só conseguem ajudar quando o consumo de calorias não estiver exagerado. Não existe termogênico que corrija um excesso alimentar;
- Treinamento aeróbico em jejum em atletas treinados –mas esse assunto fica para uma próxima coluna.
Bons treinos!
Sobre o autor
Guilherme Giorelli é nutrólogo e médico do esporte e exercício. Fellow do International College for Advancement of Nutrology e com mestrado em vitamina D, ele organiza eventos científicos, além de ministrar aulas e palestras. Atualmente é diretor do SMEERJ (Sociedade de Medicina Esportiva e do Exercicio do Rio de Janeiro). Seu dia a dia, porém, é o atendimento de pacientes em sua clínica, que buscam cuidar da saúde por meio da alimentação e do exercício.
Sobre o blog
Este blog é para discutir, sob a ótica da nutrologia e da medicina do esporte, qual o impacto da alimentação sobre o nosso organismo, quais as suas relações com o exercício e como a suplementação pode ajudar. Afinal, todo dia existem novos artigos sendo publicados, novas verdades para serem aprendidas ou questionadas. A ciência nunca está parada, nem você deve ficar.