Por que a vitamina D não é uma vitamina e qual sua importância para a saúde
Desde o século 17, estuda-se a função da vitamina D na manutenção do tecido ósseo, bem como seu papel na manutenção dos níveis de cálcio e fósforo no sangue. Níveis suficientes de vitamina D aumentam a absorção de cálcio em 40% e a absorção de fósforo em 80%. Com o avanço da ciência, descobriu-se o envolvimento em diversos outros processos vitais como a secreção de hormônios, atuação no sistema imunológico e no processo de multiplicação de células.
Entretanto, a vitamina D, não é uma vitamina. Explico: vitaminas são substâncias necessárias para o desenvolvimento do organismo obtidas através da alimentação, pois o organismo não consegue produzir em quantidades suficientes. Por esta definição o nome Vitamina D não está correto, pois estima-se que 80% da vitamina D circulante no ser humano seja produzida na pele, a partir da luz do Sol.
Atualmente, temos três maneiras de obter vitamina D:
- Produção na pele a partir do raio solar UVB;
- Alimentos ricos em vitamina D, como salmão;
- Suplementos de Vitamina D.
Os mais atentos devem ter percebido que o UVB –raio solar que produz a vitamina D– é o mesmo que queima e envelhece a pele, aumentando o risco de câncer de pele. Logo os protetores solares são fabricados para bloquear o raio UVB. Um Fator de Proteção Solar (FPS) acima de 30 chega a bloquear 95% do raio UVB, o que é ótimo para proteção, porém não deixa a vitamina D ser produzida.
Se não é vitamina. Qual seria a denominação correta?
Segundo artigo publicado na revista Nature, a Vitamina D é um pró-hormônio. Ela não é um hormônio, pois não funciona sozinha. Ainda é necessário sofrer ação de uma enzima chamada 25 (OH)D-1-OHase a se converter em 1-25-dihydroxivitamina D –esta, sim, um potente hormônio esteroide, também conhecido como calcitriol.
Inicialmente, se achava que essa enzima só estava presente nos rins e foi estudado a regulação da vitamina D sobre o tecido ósseo. Porém, a ciência avança e foi descoberto a presença dessas enzimas em diversos outros órgãos. Em cada um deles, a vitamina D tem uma função diferente. Isso nos ajuda a entender por que a vitamina D é tão debatida atualmente, tendo livros vendidos para o público leigo, entre os best-sellers de todo o mundo.
O papel da vitamina D pode ser avaliado na saúde e na doença. Um bom exemplo para entender isso é a maneira como organismo consegue utilizar o carboidrato. Os músculos utilizam o carboidrato como fonte de energia mas, para isso, é necessário que o carboidrato consiga entrar dentro do tecido muscular. Isso ocorre através do GLUT-4 (Transportador de glicose especifico do tecido muscular esquelético e adiposo).
No diabetes tipo 2 –níveis baixos de vitamina D diminuem a atividade do GLUT 4– podendo contribuir com a piora da resistência à insulina
Na saúde, como por exemplo na performance de atletas, é necessário utilizar da forma mais eficiente possível todo o carboidrato, pois o gasto de energia no músculo é muito alto. Sendo assim, surgem trabalhos correlacionando a vitamina D com força e potência muscular, além de velocidade de reação após um estímulo e equilíbrio. Segundo a última diretriz do American College of Sports Medicine, a vitamina D é um dos principais micronutrientes que deve ser avaliado em atletas.
Não sabemos , ainda, se existe um valor preciso para vitamina D que nos ajude a controlar o diabetes ou para melhorar a performance esportiva. O que sabemos é que, na deficiência de vitamina D, temos uma explicação fisiológica plausível que justifica uma piora.
Antes de sair por aí tomando sol ou comprando doses altas de suplementação, procure um médico que possa te avaliar e fazer um ajuste específico para as suas necessidades. Não existem respostas únicas na saúde, mas é seguro dizer que devemos sempre nos suplementar de informação de qualidade.
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