Inchaço após comer? O glúten pode não ser o culpado. Conheça a FODMAP
Dor abdominal, inchaço e até mesmo diarreia. Você mal acabou sua refeição e já tem uma investigação para fazer. Quem será o culpado por esses sintomas? O glúten? O exagero? Ou seria algum tempero? Nos últimos anos, todos culparam o glúten como grande vilão. Se esse for o seu caso, saiba que existem exames diagnósticos bem definidos antes da retirada total do glúten. Saiba, também, que temos outros suspeitos.
A doença celíaca é o principal diagnóstico que leva à retirada total do glúten da dieta. Trata-se de uma alergia a essa proteína, que está presente no trigo, na cevada e no centeio. Seu diagnóstico deve ser pensado após sintomas como diarreia, inchaço e dor abdominal. Mas, para ser confirmado, isso não basta. Ainda são necessários exames de sangue, onde se dosam anticorpos específicos para a doença celíaca, como anti-endomísio e o anti-transglutaminase. Caso o resultado seja positivo, a investigação precisa continuar com uma biopsia do intestino delgado, realizada por meio de endoscopia.
A moda da dieta sem glúten atingiu cerca de 100 milhões de pessoas só nos EUA, que impulsionaram a indústria de produtos gluten-free –alimentos sem a presença de glúten– mesmo sem o diagnóstico de qualquer doença. Muitas dessas pessoas apresentavam os sintomas clínicos da doença celíaca, porém não havia a confirmação por meio de exames complementares.
O número de pessoas com essas queixas foi tão grande que surgiu um termo para descrever estes casos: Não celíaco sensível ao glúten (NCSG).
Com esta nova nomenclatura se passou a estudar mais a fundo essas pessoas e se percebeu que o glúten não era o único vilão responsável por essas queixas gastrointestinais.
Para chegar a essa conclusão, foram necessários muitos estudos: um bom exemplo é o publicado na revista Gastroenterology. Nele, um grupo de pacientes NCSG foi submetido a alimentos com e sem glúten. Nem os pacientes nem os pesquisadores em contato direto com eles sabiam quais eram as refeições que continham ou não o glúten, somente os pesquisadores externos que analisaram os dados. A conclusão do trabalho foi que o glúten não tinha relação direta com as queixas dos pacientes, surgindo então uma dúvida: quem seria o novo responsável?
Uma possível explicação é a sensibilidade ao FODMAP. Trata-se de uma sigla em inglês com as iniciais de cada palavra: Fermentable Oligosaccharides, Dissaccharides, Monosaccharides and Polyols. Ou seja, estamos falando de outra característica presente nos alimentos, mais precisamente no grupo dos carboidratos.
Carboidratos não são todos iguais, e podem ser subdivididos de acordo com o tamanho da sua molécula em oligossacarídeo, dissacarídeos e monossacarídeos
No caso das FODMAP, estamos falando de carboidratos fermentáveis que não são digeridos no trato digestivo humano e por isso causam aquelas queixas de inchaço abdominal, ao serem fermentados após ação das bactérias intestinais.
Exemplos desses carboidratos fermentáveis, RICOS em FODMAP são principalmente a lactose e a frutose, encontrados em alimentos muito presentes em nosso dia a dia: maçã, pera, leite (de vaca, cabra ou ovelha), iogurte. Frutanos e galactanos presentes no brócolis, cebola, couve-flor, pães e biscoitos contendo cereais como trigo e centeio e também o sorbitol e o manitol, muito presente como adoçantes.
A dieta FODMAP visa retirar por seis a oito semanas os alimentos ricos nesses carboidratos fermentáveis, visando a melhora dos sintomas. Após essa dieta de exclusão, os alimentos ricos em FODMAP devem ser reintroduzidos para avaliação de tolerância individualizada.
Lembre-se: você não é o que come! Você é aquilo que seu organismo faz, a partir do que come. Novas dietas são bem-vindas, mas para terem sucesso precisam ser ajustadas não só para suas necessidades fisiológicas como também para seus desejos individuais. Antes de sair definindo quem é o vilão e quem é o bonzinho da sua alimentação, procure um profissional de saúde de sua confiança que te ajude neste equilíbrio!
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.