Remédio contra impotência sexual pode ajudar na performance esportiva?
Para haver ereção, um homem precisa aumentar do fluxo sanguíneo na região peniana. Durante o estimulo sexual, ocorre liberação de oxido nítrico no corpo cavernoso do pênis, que provoca o aumento de uma substância chamada GMP. O GMP aumenta o fluxo de sangue, produzindo a ereção. Entretanto existe uma enzima chamada de PD5-E, responsável pela destruição da GMP, o que pode acabar dificultando a ereção.
Em 1998 foi aprovado pelo FDA, a primeira medicação para o tratamento da impotência masculina: sildenafil. Essa medicação é um inibidor seletivo da PD5-E. Ao diminuir a PD5-E, há um aumento de GMP e mais fluxo de sangue, mantendo a ereção por mais tempo.
O que nem todo mundo sabe é que este efeito sobre a ereção foi descoberto como um efeito colateral. A medicação estava sendo investigada para o tratamento de hipertensão arterial e angina (dor no peito causado pela diminuição da chegada de sangue ao coração), pois a PD5-E está em várias artérias, principalmente na artéria pulmonar –responsável por levar sangue para o pulmão.
Como a medicação contra impotência foi parar no esporte?
Estudando o mecanismo de ação do medicamento sobre o pulmão alguns pesquisadores, questionaram se essa medicação também poderia ser útil para a performance esportiva. Principalmente aquelas onde há baixa quantidade de oxigênio como nos casos de atletas que competem em cidades acima de 2.000 metros de altitude.
Explico: quanto maior a altitude, menor é a pressão atmosférica, ou seja, menos oxigênio disponível. Quando a quantidade de oxigênio no sangue diminui, ocorre um aumento da pressão da artéria pulmonar, e uma piora da capacidade do coração em bombear o sangue. O que piora a performance.
Em 2004, foi publicado o primeiro estudo sobre o uso de sildenafil e performance sendo demonstrado uma melhora da capacidade atlética durante o exercício. Entretanto o estudo, não tinha pode estatístico para confirmar a hipótese: foi realizado com 14 escaladores que estavam subindo o monte everest.
Mesmo sem confirmação clínica e com a medicação não sendo declarada como dopping, a notícia se espalhou rapidamente. Muitas matérias jornalísticas foram feitas com relatos do uso por jogadores de futebol e outros atletas que precisam jogar em alta performance em cidades com altitude elevada.
No mês passado, março de 2019, foi publicado um grande estudo sobre o assunto. Afinal sildenafil ajuda ou não a performance esportiva?
Apenas 14 estudos puderam ser incluídos na pesquisa, porque os demais não passaram nos critérios de seleção. A conclusão:
- Foi eficiente para diminuir a pressão da artéria pulmonar.
- Foi discretamente eficiente para melhorar a capacidade do coração em bombear sangue
- Não melhora a performance esportiva de forma significativa, mas talvez existam discretos benefícios.
O artigo de revisão sistemática, como foi o caso discutido na coluna de hoje, faz uma avaliação de todos os artigos encontrados sobre o tema, nas principais revistas científicas do mundo. Sua conclusão se refere ao estagio atual das pesquisas, o que não significa que novas publicações possam provar o contrário.A ciência esta sempre questionando verdades e encontrando novas respostas. Para isso, as vezes, muitos anos e muitas pesquisas são necessárias antes possamos concluir se uma substância pode ser útil ou não.
Precisamos respeitar o caminho da ciência, antes de ficar utilizando substancias sem comprovação.
Vivemos um mundo onde as fofocas de um artigo científico, tem mais impacto sobre a população do que o resultado do próprio estudo. O que pode ser muito perigoso! Por isso procure um profissional de saude da sua confiança, antes de arriscar um novo suplemento, ou medicação.
Sabe tem muita comprovação científica para melhorar a performance sexual e esportiva?
O exercício físico!
Bons Treinos!
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