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Guilherme Giorelli

Exercícios como o futebol ajudam no tratamento de hipertensão e obesidade

Guilherme Giorelli

12/05/2018 04h00

Crédito: iStock

Hipertensão e obesidade são doenças crônicas. O que significa dizer que muitos casos não têm cura, apesar de serem passíveis de tratamento e controle. Quem possui precisa de cuidados diários e uma atitude constante, no sentido de adotar um novo estilo de vida para melhorar a situação.

Por conta disso, é fundamental o paciente encontrar exercícios que, além de ajudarem fisicamente, sejam prazerosos, pois as taxas de abandono são altas. E qual seria o esporte que mais define o brasileiro? Com certeza, eu escolheria o futebol. Mas será que ele faz bem para saúde?

Trata-se de um esporte que exige muitas habilidades, e não estou destacando a capacidade técnica do jogador, mas dizendo que, para praticá-lo, cientificamente é necessário:

  • Alta intensidade intervalada: o que melhora a capacidade cardiovascular
  • Corridas longas: que provocam mudanças positivas no metabolismo
  • Treinamento de força: que estimula a massa muscular

Diversos trabalhos foram publicados na última década demonstrando os benefícios do futebol recreacional, ou seja, o que de bom esse esporte traz para a saúde dos "peladeiros." Mas a prestigiada British Journal of Sports Medicine publicou, em janeiro deste ano, um artigo de respeito, envolvendo uma revisão sistemática e uma metanálise.

Só para você entender um pouco melhor: quando falamos em revisão sistemática, isso significa que os autores tentaram reunir todos os artigos científicos importantes sobre aquele assunto, submetendo-os a uma análise crítica da metodologia.  Quando se consegue reunir todos estes artigos em uma analise estatística, chamamos de metanálise.

Neste caso, foram reunidos 31 trabalhos para avaliar o efeito do futebol sobre:

  • Pressão arterial: percebeu-se uma diminuição da pressão sistólica e diastólica em pacientes com hipertensão leve ( 11 mmHg na Sistólica e 7 mmHg na Diastólica)
  • Frequência cardíaca em repouso: houve diminuição de seis batimentos por minuto em repouso quando comparado com grupos não ativos.

Estes melhorias são comparáveis a tomar uma dose padrão de um medicamento para abaixar a pressão arterial. Além disso, tal magnitude corresponde a um menor risco de AVC, cerca de 20% a 30% menos em indivíduos com hipertensão.

  • Composição corporal: os resultados foram pequenos, mas significativos, pois ocorreu uma diminuição de aproximadamente 1,72kg de gordura, quando comparados com pacientes que não realizaram exercício.
  • Colesterol: pequeno efeito na diminuição do colesterol LDL
  • Glicemia de jejum: não houve alteração significativa nesse índice.

Os benefícios do futebol apareceram tanto em homens quanto em mulheres, com faixa etária dos 18 aos 60 anos, após 12 semanas de treinamento recreativo realizado por 45 a 60 minutos, duas a três vezes por semana.

Esse resultado estatístico foi semelhante ao encontrado em trabalhos que avaliaram corrida e a modalidade de dança Zumba sobre a perda de gordura corporal.

Precisamos encontrar pequenos prazeres dentro da rotina de exercício. A consistência é o único caminho para uma vida saudável. Você pode escolher entre Zumba, futebol, corrida e muitos outros. Só não pode ficar parado!

Bons Treinos!

Sobre o autor

Guilherme Giorelli é nutrólogo e médico do esporte e exercício. Fellow do International College for Advancement of Nutrology e com mestrado em vitamina D, ele organiza eventos científicos, além de ministrar aulas e palestras. Atualmente é diretor do SMEERJ (Sociedade de Medicina Esportiva e do Exercicio do Rio de Janeiro). Seu dia a dia, porém, é o atendimento de pacientes em sua clínica, que buscam cuidar da saúde por meio da alimentação e do exercício.

Sobre o blog

Este blog é para discutir, sob a ótica da nutrologia e da medicina do esporte, qual o impacto da alimentação sobre o nosso organismo, quais as suas relações com o exercício e como a suplementação pode ajudar. Afinal, todo dia existem novos artigos sendo publicados, novas verdades para serem aprendidas ou questionadas. A ciência nunca está parada, nem você deve ficar.