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Guilherme Giorelli

Barra de proteína rica em leucina pode ajudar no controle da fome

Guilherme Giorelli

28/04/2018 04h00

Crédito: iStock

A fome é uma necessidade biológica necessária para nossa manutenção como espécie. Mas será que apenas o instinto de sobrevivência justifica o que a gente come?

Diversos estudos científicos comprovam que os alimentos têm capacidades diferentes de nos deixar satisfeitos após uma refeição. Na vida diária, todos nós sabemos quais alimentos a gente não consegue parar de comer ou aqueles que, mesmo já satisfeitos, basta pensar e já da água na boca. Estamos falando, portanto, não só de fome, mas também da vontade de comer e de saciedade.

Nessa luta entre o que é necessário e o que é exagero surgem doenças como obesidade e diabetes tipo 2. Por isso entender quais alimentos podem nos ajudar nesse controle da alimentação é fundamental.

Entre eles, destacam-se as proteínas como o principal responsável por aumentar a saciedade –e não estamos falando sobre aumento de massa muscular.

As proteínas, diferente do que acontece com os carboidratos ou gorduras, ao passarem pelo intestino, aumentam a produção do hormônio PYY, que atua no cérebro, levando à diminuição da quantidade de alimento ingerido.

Mas muita atenção: proteínas não são apenas as de origem animal. Ervilha, arroz, feijão entre outros, também nos fornecem proteínas. A diferença entre eles está no perfil de aminoácidos que formam essas proteínas.

Como muitas pessoas não podem consumir grandes quantidades de proteínas, as pesquisas cientificas avançam para responder quais aminoácidos presentes nas proteínas seriam mais eficientes em diminuir o apetite. Foi descoberto, por exemplo, que a leucina, aminoácido mais presente no whey protein, tem grande destaque.

Um estudo recente realizado no Canadá realizou a primeira investigação em humanos para avaliar os efeitos da leucina no apetite. Os cientistas selecionaram 40 mulheres saudáveis entre 18 e 50 anos de idade, com um IMC que variava de normal a sobrepeso e que foram submetidas a três visitas experimentais ao laboratório.

Em cada visita após 12h de jejum, às 9h da manhã, as pacientes consumiram diferentes barrinhas de proteína, produzidas especialmente para o estudo e com quantidades semelhantes de calorias, proteínas, gorduras e carboidratos, mas com valores diferentes de leucina. Veja abaixo:

– Visita com a barra 1:
Barra de controle: 0g (sem) leucina com 9g de proteína na forma de caseína hidrolisada + 6g gordura + 27g carboidrato = 180 Kcal

– Visita com a barra 2:
Barra de tratamento: 2g de leucina em 11g de proteína na forma de whey protein isolado + 6g gordura + 25g carboidrato = 180 kcal

-Visita com a barra 3:
Barra de tratamento: 3 g de leucina em 13g proteína na forma de whey protein isolado + 5g gordura + 24g carboidrato = 180 kcal

O estudo foi duplo-cego randomizado, ou seja, nem os participantes e os examinadores sabiam qual barra estava sendo consumida em cada visita. Dessa forma, os pesquisadores conseguiram excluir um possível efeito placebo.

Foram avaliadas a sensações de fome e plenitude e se concluiu que as barras de proteína ricas em 2g de leucina tiveram impacto significativo na redução da fome e aumento da plenitude por até 4 horas após o consumo.

A leucina atua na fome diretamente no cérebro, ao bloquear no hipotálamo a produção do neuropeptídio Y e Agouti (neurotransmissores orexígenos que estimulam o apetite), diferente do efeito intestinal das proteínas.

Ainda são necessários mais trabalhos antes que possamos estimular alimentos suplementados com leucina para o controle da fome, e esse estudo não estimula o uso da leucina de forma isolada. Mas, sem dúvida, essa pesquisa é um grande avanço. Sabemos que a leucina está presente em boa quantidade no whey protein, ferramenta que temos para usar no nosso dia a dia em pacientes que precisam.

Para saber se você pode se beneficiar de suplementação, procure seu profissional de saúde de confiança!

Bons treinos!

Sobre o autor

Guilherme Giorelli é nutrólogo e médico do esporte e exercício. Fellow do International College for Advancement of Nutrology e com mestrado em vitamina D, ele organiza eventos científicos, além de ministrar aulas e palestras. Atualmente é diretor do SMEERJ (Sociedade de Medicina Esportiva e do Exercicio do Rio de Janeiro). Seu dia a dia, porém, é o atendimento de pacientes em sua clínica, que buscam cuidar da saúde por meio da alimentação e do exercício.

Sobre o blog

Este blog é para discutir, sob a ótica da nutrologia e da medicina do esporte, qual o impacto da alimentação sobre o nosso organismo, quais as suas relações com o exercício e como a suplementação pode ajudar. Afinal, todo dia existem novos artigos sendo publicados, novas verdades para serem aprendidas ou questionadas. A ciência nunca está parada, nem você deve ficar.